sexta-feira, 26 de novembro de 2010


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Textos

DNA E PROTEÍNAS: AS MOLÉCULAS DA HEREDITARIEDADE. ESPAÇO, CONTEÚDO E ATUALIZAÇÃO EM LD DE BIOLOGIA

quinta-feira, 2 de setembro de 2010


.







Autor: Marco Antonio Rocha Silva
Colaborador: Antonio Carlos de Miranda

Contra-capa

            Desenvolvido na Escola Técnica João Luiz do Nascimento (FAETEC) Município de Nova Iguaçu – RJ - Brasil consiste no desenvolvimento de protótipos de biodigestores, com material de fácil acesso e baixo custo. Entre as propostas aqui apresentadas, acredita-se contribuir para a Educação Ambiental, alertando estudantes sobre importância de reduzir  os resíduos orgânicos colocados no meio ambiente, melhor utilização do espaço destinado aos lixões e com a biodigestão evitar a ação do chorume sobre o lençol freático. Além da minimização do odor fétido no ambiente.
            Na questão interdisciplinar, esta obra procura mostrar a possível utilização dos protótipos, como uma forma de incentivar professores e alunos na discussão de tópicos da Biologia, Química, Física e da Matemática.



Dedicatória
            Entre os muitos que aqui deveria eu dedicar este espaço, pretendo não esquecer de qualquer um que seja. E, portanto preciso começar agradecendo aos que possibilitaram minha existência, os meus pais, porque somente assim seria possível construir esta pequena obra, que espero contribuir de alguma forma para a Educação Ambiental, neste país continental com “folhinhas natalinas de coníferas”, que em nada tem ensinado nossos jovens a amar a floresta tropical, a caatinga, o rio São Francisco, o cerrado e outros biomas brasileiros.
            Agradecer a Carla W. de Moraes, com quem divido hoje meu existir, por ouvir, incentivar, esperar e acreditar que o tempo por min utilizado e de certa forma longe, valeria a pena, desculpar-me pela distância quando estive em Goiânia e finalmente pela ajuda em algumas correções no texto definitivo.
            Ao professor Doutor Antonio Carlos de Miranda, pelas tardes e parte de noites com a consultoria-orientação, com a luta e dedicação na leitura dos textos e E-mails, ainda que lutasse com a questão da máquina que por vezes teimosamente insistia em travar, dar pane ou sabe-se lá o que, dizer á este paciente professor que valeu a pena nossas discussões, sobre a questão interdisciplinar e a importância dos alunos na construção do saber.
Não poderia também deixar de agradecer as Doutoras: Maylta Brandão dos Anjos e Sandra Cribb, que com suas críticas, permitiram a construção final desta obra e nossa visão sobre a importância de renovar as discussões aqui com levantadas com a questão social.
Finalmente não poderia deixar de mencionar a dedicação e afinco com dos alunos que se debruçaram na questão do aprendizado, da criação, das discussões, no alarido próprio da adolescência, nas críticas ao sistema educacional e nas cobranças que até hoje existem por parte de alguns que pretendem continuar com a construção de biodigestores e por acreditarem ser possível à instalação de biodigestores em regiões de carência financeira, como forma de aumentar a economia dos menos favorecidos.









sumário




página






Introdução



6
Marco teórico



9
Uma possibilidade no desenvolvimento

10
O procedimento em 2003


13
Relato da experiência (2004)

13
A entrevista e o pós-teste


19
O pós-teste



26
Apresentação dos biodigestores (2004)

31
A colocação da biomassa


32
A questão multidisciplinar


33
Articulação entre ciências e interdisciplinaridade.
37
Conclusão



38
Bibliografia



43










Introdução

    Entre nossos objetivos, está a pretensão de preencher uma lacuna existente entre algumas disciplinas lecionadas no Ensino Médio, isto na questão de material didático que possa incentivar os educandos a estudarem alguns tópicos de diferentes disciplinas, e, segundo nosso entendimento que apresente a possibilidade da participação efetiva do educando com seu saber prévio. Além do que, acreditamos se tratar de uma medida local que dará oportunidade aos alunos de participarem, como agentes na diminuição do processo de poluição ambiental, de forma mais global. Na questão educacional poderemos atingir alguns objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Nossa proposta é da criação de protótipos de biodigestores que possibilite a orientação de estudantes na produção de, produção de biogás, biofertilizante e que simultaneamente, possa despertar o interesse por uma Educação Ambiental, através das interfaces possíveis com a construção dos biodigestores em questão. Como resultado de uma proposta de  ensino, através de projetos ,e, que tendo transcorrido nos anos 2003 e 2004 na Escola Técnica João Luis do Nascimento, com alunos dos cursos Técnicos de Edificações, Eletrotécnica e eletrônica, mostrou-nos ser viável a utilização do procedimento em questão, rendendo frutos até hoje, pois ainda estamos continuando trabalhos com outros alunos.            Entendemos, com base em nossas experiências nos anos 2004/2005, ser possível orientar os alunos na montagem de biodigestores de pequeno porte, que poderiam ser também denominados protótipos, devido suas dimensões reduzidas, porém funcionais para a produção de biogás e biofertilizante ,e, ao final do processo, junto com os alunos, produzir material didático como apostila, fotos ilustrativas, CD (compact disc), contendo as diversas etapas do projeto além de vídeo (contendo os protótipos produzidos pelos próprios estudantes). O projeto proposto, é capaz de quando bem conduzido, levar o estudante ao conhecimento de tópicos relativos a matemática, a física e a química, que possam ser discutidos com a utilização do biodigestor de forma interdisciplinar.

Marco Teórico
            Na atualidade, utiliza-se a biodigestão na produção, de vinhos, pães e outros alimentos como resultado da fermentação também denominada respiração anaeróbia (tipo de respiração em ausência de oxigênio).  E ainda no tratamento de esgoto – lodo ativado como forma de minimização do efeito poluidor sobre o ambiente. Podemos relacionar, ainda, a biodigestão com a fermentação de material orgânico do lixo como substrato para esta respiração anaeróbia (BENINCASA, 2000); e com o tratamento de água residual do processamento de vegetais como a mandioca, utilizando biodigestor anaeróbio de duas fases como proposto por Barana, 2003.
            Nossa investigação, utiliza o conhecimento desta fermentação por um outro prisma, com a proposta do uso de biodigestores construídos com material de baixo custo, com objetivo de inserir alunos em Educação Ambiental de uma forma consciente, onde seria discutida a questão  interdisciplinar. Simultaneamente os alunos produziriam biogás, biofertilizante e através de uma ação local, contribuiriam para a questão global.
            Nossa abordagem utiliza na argumentação a pesquisa qualitativa, apoiando-se na observação da mudança dos saberes dos estudantes com questionários - apresentando perguntas que exigem respostas objetivas do tipo FALSO ou VERDADEIRO e perguntas estruturadas (MAY, 2004); e em entrevistas não estruturadas. Na coleta de dados, utilizamos os argumentos de Antonio Chizzotti (2001) e Tim May, (2004) sobre a observação participante em que segundo esses autores, os usos de entrevista individual ou coletiva, constituem formas indicadas para um estudo de caráter qualitativo.
            No trabalho com biodigestores ocorre uma mescla de aspectos tanto qualitativos quanto quantitativos e precisamos participar das discussões com os educandos, para percebermos a evolução dos mesmos nas discussões, entendemos que a pesquisa-participante é o instrumento para a abordagem. E neste momento interessante é lembrar que M. Thiollent em Metodologia da Pesquisa–Ação, afirma que ao lado das entrevistas o uso de questionários também é de grande utilidade.

Uma possibilidade no desenvolvimento
            Para buscar os objetivos, inicialmente, entendemos que a utilização de questionários, para sondagem do conhecimento dos educandos em questão e para tabulações posteriores, seria uma posição inteligente, pois possibilitaria , não só sondar os vários saberes destes alunos, como mais tarde proceder às tabulações dos dados, já que aconselhamos o uso de questionários que apresentem não só questões objetivas, mas também subjetivas, que muito embora sejam mais trabalhosas na tabulação, as questões subjetivas – perguntas com respostas livres, permitem ao entrevistado  apresentar-se de certa forma desarmado de intenções subjetivas ou direcionadas por terceiros no momento das respostas.
            Em um momento posterior, realizamos em nosso trabalho a aplicação de um teste onde os alunos, em grupos de no máximo seis componentes, deveriam indicar três formas de produção de gás, após uma discussão travada entre os mesmos. Qual a justificativa para o procedimento em questão: verificar a precisão das respostas dos alunos, quando esses responderam aos questionários, pois caso tenham sido influenciados pelos questionários, agora em grupo, talvez consigam responder dentro dos seus saberes, e não por influências externas.
            Em um momento posterior a coleta de dados obtidos com os testes, solicitou-se aos educandos uma pesquisa de dados através da Internet onde deveriam ser pesquisadas as seguintes palavras-chaves: fermentação, respiração anaeróbia, fermentação metanogênica, metano, biogás, efeito estufa, biofertilizante. A pesquisa deveria ser realizada em sites de busca e de universidades, visando encontrar artigos e figuras que pudessem levar informações relevantes para a compreensão do estudo em questão. Optamos em nosso trabalho por esta ferramenta atual e de domínio por grande parte dos alunos, pois entendemos que seria mais uma forma de tornar tal tarefa prazerosa para alguns e contemporânea para outros.

O procedimento em 2003
A experiência, cujo relato segue, não foi precedida de um questionário, e, por tal motivo, mesmo com a obtenção de dados por nós considerados relevantes, é que o estudo prosseguiu em 2004.
A seqüência de procedimentos que tomamos em 2003 pode ser observada nos quadros 1 e 2:


Em uma etapa, solicitou-se que os estudantes procurassem utilizar, em suas montagens materiais simples, de fácil acesso e de baixo custo.  E como resultado obtivemos a produção de protótipos de biodigestores como observamos nas figuras a seguir:

Relato da experiência (ano 2004)

            Foram utilizados dois questionários, em momentos seqüenciais, no mesmo dia e as respostas obtidas e tabuladas, indicam que esses estudantes em sua maioria (42 alunos, de um total de 43), sabiam que os seres vivos produzem gases. Perguntados especificamente sobre a produção de gás, além da fotossíntese e do eliminado pela respiração, obtivemos 52 itens que se referiam aos seres vivos e somente quatro respostas, se referiam a outros modos de produção. E dos alunos que justificaram, obtivemos respostas como:
Fermentação com modificação na estrutura química e liberação de gases; reação com calor provoca a produção de gás; madeira queimada pode criar gás;queima de material orgânico em lixões
Através das justificativas, confirmou-se que alguns estudantes apresentam a concepção de que os seres vivos, de alguma forma, são responsáveis pela produção de gases e afirmamos isto com base no fato que apenas três respostas indicavam soluções que não envolviam seres vivos.
            Neste primeiro questionário percebemos que só um aluno citou a produção do gás metano em lixões. Observamos, ainda que, os alunos, de uma forma geral, não explicaram como os seres vivos produzem os gases. E quando perguntamos sobre o motivo de latas de conservas estufar em prateleiras de supermercados, obtivemos trinta respostas, e das mais variadas possíveis. Analisamos as respostas obtidas e percebemos que os alunos, em mais da metade de suas respostas, de alguma forma, relacionam o fato citado, com os seres vivos, muito embora, não saibam explicar como isto ocorre e no universo reconhecemos apenas duas respostas como certas:
                            
 “Causado pela fermentação de bactérias anaeróbias, na qual acabam liberando gás carbônico que estufa a lata”.

“Porque o produto foi contaminado em algum momento, e, pela lata ser totalmente fechada, os gases produzidos pelas bactérias se acumulam e estufam a lata”.

            Na última pergunta deste questionário, sobre a utilidade dos microorganismos que não são capazes de causar doenças, obtivemos distribuição das respostas que são apresentadas a seguir, como podemos observar no a seguir:



Introduzimos o último item para verificar se os estudantes estabeleciam alguma relação entre o gás dos pântanos (CH4) e sua possível utilização, ou se tinham alguma noção do seu uso, o que não ocorreu.
Neste mesmo dia, o aluno recebia o outro questionário, para respondê-lo  sem consulta e os resultados seguem abaixo:

Tabela 2: Combustíveis ou  não ?





Assinale com um V quando verdadeiro e F quando falso.










                    total
SÃO COMBUSTÍVEIS
Edificações
eletrônica
 V
F

V
F
V
F


Biodisel
9
6
16
10
25
16
Gasolina
15
0
27
0
42
0
Petróleo
13
2
22
5
35
7
Álcool
15
0
27
0
42
0
Butano
3
13
12
15
15
28
Metano
5
10
13
14
18
24
Nafta
1
5
2
25
3
30
Óleo diesel
14
1
2
0
16
1
Óleo de babaçu
5
10
4
23
9
33
GNV
14
1
26
1
40
2
Biogás
10
5
15
12
25
17


               Observamos que, quando se trata dos combustíveis mais populares ou mais conhecidos como gasolina, álcool, óleo diesel e G.N.V., os alunos, em grande parte, os identificam. Essa identificação não ocorre de forma tão significativa com o petróleo e menos ainda com o óleo diesel. Devemos salientar que os alunos não identificam, como combustível, os ditos combustíveis alternativos, como apresentado na
Tabela 3: Combustíveis alternativos









              total
SÃO COMBUSTÍVEIS
Edificações
Eletrônica
 V
F

V
F
V
F


Biodisel
9
6
16
10
25
16
Butano
3
13
12
15
15
28
Metano
5
10
13
14
18
24
Óleo de babaçu
5
10
4
23
9
33
Biogás
10
5
15
12
25
17
tabela 3 a seguir:


         Quando perguntamos “Quais são produzidos por seres vivos?”, verificamos que as respostas foram 14 para o metano e 17 para o biogás. Isto nos permite pensar que, na realidade os alunos não apresentam total certeza sobre a questão, pois o somatório dos itens produzidos pelos seres vivos, com o produzido pela industria, não atingiu o total de alunos que responderam ao questionário.
           

A entrevista e o pós-teste

Em uma sala, o estudante entrava só, voluntariamente, e, encontrava sobre uma mesa um papel de tamanho ofício, ao lado de um gravador, previamente ligado, nesta folha existiam seis perguntas que os alunos individualmente deveriam respondê-las. As perguntas eram as seguintes:
Ø  Você sabia algo antes deste trabalho em relação aos biodigestores?
Ø  Você conhecia o biogás ou sabia da existência deste, antes deste trabalho sobre biodigestores?
Ø  Você tinha alguma idéia sobre utilidades do biogás?
Ø  Existe alguma relação entre biodigestores e outras disciplinas além da biologia?
Ø  Seria válido um trabalho com biodigestores para outras disciplinas, além da biologia?
Ø  Pessoalmente qual foi o acréscimo deste trabalho para você?
(sinceramente!).
Dos resultados obtidos, transcrevemos parcialmente os comentários dos estudantes, quanto a essa questão da importância:

Estudante1... eu não tinha nenhum conhecimento sobre a existência dos biodigestores e da sua utilização”.
“. Eu não tinha nenhum conhecimento da relação dos biodigestores com física, a química, da química com relação molecular, da física com relação às pressões e até relação com a matemática.”.
“... eu acho este trabalho válido porque ele une todas as matérias em um único trabalho e foi muito bom fazer este trabalho foi de grande contribuição”.


Estudante 2
“... não sabia da existência do biogás e da utilidade”.
“... eu acho válido em nosso colégio essa”matéria” (grifo do autor), nova para aprendermos cada vez mais no dia a dia”
“... pessoalmente esse trabalho foi um bom acréscimo para a minha vida e um dia quero experimentar este gás na minha casa para eu ver se é a mesma coisa que o gás butano...”

Estudante 3
 “... eu já tinha ouvido falar do biodigestor no ano passado”.
“E temos que aprofundar bem outras matérias específicas, para realizar bem este projeto”.
“. Para o grupo eu acho um acréscimo, o trabalho, e para nossa vida...”


Estudante 4
. Já tinha ouvido falar dos biodigestores, na questão do lixão de Adrianópolis, na produção de biogás”
“... agora estou ciente da utilidade do biogás”.
“... o biodigestor tem relação com outras disciplinas, porque nós temos que saber pressão e formato do biodigestor que envolve especificamente a física e a matemática”.
“O trabalho é muito válido porque ensina medir a pressão e saber a resistência do material que você usa para fazer o biodigestor”.
“... esse trabalho me ensinou muito que este gás não é poluente e pode ser usado de várias maneiras.e sei também que está nos planos para ser usado no lixão de Adrianópolis”.



Estudante 5
 “... só conheci o biogás, quando fui pesquisar o trabalho na Internet, antes de fazer o trabalho não sabia nada”
“... esse trabalho não mudou a minha vida pô, mas fiquei sabendo sobre o biodigestor, ele acrescentou algo para mim é claro”.


Estudante 6
 “... foi importante para mim, pois conheci uma nova forma de combustível...”. 

Estudante 7 
 “... antes eu tinha uma idéia vaga sobre biogás e como sou estudante do curso de edificações, eu tinha lido que em áreas rurais os biodigestores são usados onde não tem fossa sanitária, aí eles usam para se livrar dos dejetos, eu não sabia, para que servia o metano”.
”... aprendi a ter mais responsabilidade, porque tive que estudar para apresentar o trabalho, e, fazer a apostila... e se um dia eu tiver que ir a uma área rural eu já tenho este conhecimento prévio sobre biodigestores, o que produz e o que faz”. 

Estudante  8 
 “... quando começamos a montar o projeto, as idéias foram fluindo”.
“... é válido o projeto para várias matérias que temos no ensino médio e a partir da sua realização, ocorreu vários conhecimentos, contribuindo para nossa formação científica; minha e de outros integrantes do grupo”.

Estudante 9
“... eu não sabia nada de biodigestores e muito menos de biogás”.
“Eu não sabia do biogás, então também não sabia de como ou para que usar”.
Com este trabalho podemos verificar que existem varias relações entre os biodigestores e as matérias que estudamos, só que isso não é dito nessas matérias”.

Estudante 10
Eu nunca tinha ouvido falar de biogás, de biodigestores, mesmo quando falavam do efeito estufa”.
“Eu não tinha idéia sobre o biogás e o metano porque eu nem sabia que esse gás existia”
“Agora eu sei que existe biogás e sei também que esse trabalho pode ser usado para estudar matemática, física e química”.
“Esse trabalho acrescentou pessoalmente e também me fez gostar mais de estudar biologia”

O PÓS-TESTE
            Um total de 14 (quatorze), estudantes responderam ao pós-teste, pois já nos encontrávamos ao final do período letivo e somente aqueles em recuperação, puderam ser inquiridos. E destes verificamos que nove indicaram de alguma forma a biodigestão e a formação do metano ou do biogás em suas justificativas, o que não havia ocorrido no questionário inicial, levando-nos a acreditar que de alguma forma o presente trabalho modificou o saber destes estudantes.
            Quando os estudantes foram solicitados a responderem sobre a utilidade dos microorganismos que não causam doenças, a tabela que segue indica os resultados comparativos entre os dados obtidos no primeiro questionário e agora após o trabalho com biodigestores.

Tabela 4 Utilidade dos microorganismos não patogênicos
1ºquestionário
43 estudantes
Após trabalho    14 estudantes
Produção de laticínios ................
20
10
Produção de vinhos.....................
17
11
Produção de iogurte....................
26
14
Fermentação de alimentos..........
32
6
Bebidas alcoólicas......................
12
8
Gases de pântanos.....................
0
3











            Quando passamos a análise do segundo pós-teste, em comparação com o segundo questionário, aplicado antes do desenvolvimento do trabalho com a montagem dos protótipos de biodigestores. Verificamos que em relação ao biogás houve uma mudança no número de respostas dos estudantes, com aumento significativo de respostas em relação ao biogás e percebemos ainda que em relação aos outros combustíveis, os educandos ainda mantêm um número de respostas próximo ao que existia antes do trabalho com biodigestores, como podemos observar na tabela 3 a seguir:

Tabela 3: Combustíveis ou não ?
Assinale com um V quando verdadeiro e F quando falso.
V
F
Biodisel
12
2
Gasolina
14
0
Petróleo
7
7
Álcool
14
0
Butano
9
6
Metano
12
2
Nafta
0
14
Óleo diesel
12
2
Óleo de babaçu
3
11
GNV
12
2
Biogás
13
1

            Outra análise foi, a questão do estudante identificar ou não, alguns dos possíveis combustíveis alternativos entre alguns dos mais conhecidos e como o ocorrido anteriormente os estudantes continuam não identificando determinados combustíveis alternativos, muito embora tenham modificado até certo ponto suas respostas em relação ao biogás e ao metano, isto é, baseando-nos nos dados obtidos com este retorno através do pós-teste e que pode ser verificado na tabela 4 a seguir:


Tabela 4 Combustíveis alternativos
SÃO COMBUSTÍVEIS

Biodisel
Butano
Metano
Óleo de babaçu
Biogás
V
12
9
12
3
13
F
2
6
2
11
1










            Quando os alunos passaram a responder ao segundo item, neste pós-teste onde deveriam identificar quais combustíveis seriam produzidos pela indústria, verificamos que os estudantes identificaram agora todos os combustíveis, como possíveis de serem produzidos pelas indústrias, e, isto não havia ocorrido antes, pois estes só identificavam praticamente a gasolina, o álcool e o óleo diesel, como produzidos desta forma.
           

Apresentação dos biodigestores (2004)

            Ocorreu com o seguinte critério estabelecido: o grupo era apresentado, por um dos componentes, e, em seguida o relator explicava como foi concebida a idéia, e a seguir passava-se a explicar o funcionamento do mesmo. Durante as exposições os diversos trabalhos foram filmados e fotografados pelo autor, como observamos em algumas das fotos a seguir:


A colocação da biomassa
            Após o momento das apresentações, os estudantes foram aconselhados a procederem à colocação da biomassa diluída (material orgânico), que fora escolhido anteriormente por cada um dos grupos em questão.







 Fotos autor e col.














            O trabalho que segue, é visto através das fotos com detalhes de um rotor localizado no fundo do biodigestor (segunda foto), a válvula de saída do biogás (terceira foto) e além de uma visão panorâmica dos mesmos, a matéria orgânica escolhida e o biodigestor carregado.





 
Fotos col.






A questão multidisciplinar

Segundo os professores e alunos  temas interdisciplinares que fazem parte dos conteúdos do Ensino Médio que poderiam ser abrangidos ou discutidos na utilização do biodigestor, como forma de estimular o aluno: Em Biologia e ecologia; tipos de fermentação e sua importância: durante o ensino de respiração anaeróbia, onde são discutidos os diversos tipos de fermentação.
A discussão de funcionamento dos biodigestores possibilita ao aluno compreender a temperatura como um fator importante para a manutenção de vida dos organismos vivos.
O meio ambiente, a matéria orgânica sua de composição e biofertilizantes: O uso dos biodigestores possibilita analisar, o papel de bactérias fermentadoras na decomposição de material orgânico, reciclando elementos químicos e enriquecendo o solo, para melhor aproveitamento na agricultura. A ecologia coloca geralmente em discussão a questão dos agravos ao meio ambiente. Assim uma atividade com protótipos de biodigestores possibilitam a discussão da questão da produção de biogás e biofertilizante como uma forma de evitar a contaminação do lençol freático e o efeito estufa.

Matemática



 Fotos o autor


            Segundo os três professores consultados que lecionam no Ensino Médio e a visão dos alunos quando analisaram os conteúdos desta disciplina, os tópicos abaixo relacionados são passíveis de uma abordagem baseada em protótipos de biodigestores. Os tópicos seriam esses: Trigonometria na circunferência (medidas de arcos e ângulos), cilindro reto: área (lateral e total) e Volume do cilindro. Isso ocorreria no caso de protótipos como alguns dos produzidos pelos alunos e  apresentados nas figuras a seguir, cujas formas possibilitam os cálculos em questão.

Química

            Dois professores de química da escola relataram que seria possível com a utilização do biodigestor, apresentar aos alunos, algumas questões como:
Lei da conservação de massa (Lavoisier) e Lei das proporções definidas. (Proust) e a discussão sobre separação de misturas. Em relação ao gás, poderia ser analisada a influência do tipo de recipiente, a pressão e temperatura do biodigestor. Para esses professores outros tópicos poderiam ser ainda contemplados como medida da pressão atmosférica, lei volumétrica, lei dos Gases e teoria cinética dos gases.

Física

            Em dado instante de nosso trabalho, solicitamos que, os educandos em grupos na biblioteca, procurassem em livros de matemática, física e química assuntos que pudessem ser discutidos com a utilização de biodigestores e obtivemos respostas que combinavam com os temas apontados pelos discursos dos professores. Em uma das disciplinas a física os alunos apresentaram alguns tópicos e argumentos que enumeramos como: Hidrostática , onde se estudaria a medida da pressão no interior do gasômetro, termometria  e medidas de temperatura e escalas termométricas, a dilatação térmica, onde dependendo dos tipos diferentes de materiais utilizados nos protótipos poderia ser discutida a influência da temperatura, sobre o material (plástico, borracha e metal etc.) e a dilatação, tanto dos líquidos, como dos gases com influência sobre o volume final.

 Articulação entre ciências e interdisciplinaridade
            Para Enrique Leff, (2002), ao abordarmos a questão interdisciplinar, é conveniente, que primeiro façamos uma abordagem sobre como ver a interdisciplinaridade sem, contudo, perder-se dos princípios epistemológicos e paradigmas das ciências envolvidas. Nesta perspectiva é importante, não pensar em uma simples fusão ou reducionismo dos objetos teóricos das ciências envolvidas. Para Leff, a articulação em uma interdisciplinaridade, só se justificaria quando a materialidade do objeto de uma ciência não pudesse ser apreendida só a partir do conhecimento de uma ciência, ou de um paradigma que integrador, e transdisciplinar, viesse indicar a região real de confluência de duas ou mais ordens de materialidade dos objetos de diferentes ciências. Para o autor em questão: “Não existe uma metalinguagem capaz de unificar especificidades conceituais de cada ciência para apreender as diferentes ordens de materialidade do real”. Leff (2002 p.39).

 Conclusão

Acreditamos que este trabalho venha contribuir de uma forma direta, para alertar os estudantes, sobre importância de reduzir a quantidade de resíduos orgânicos colocados no meio ambiente, da melhor utilização do espaço destinado aos lixões, evitando assim a ação danosa do chorume sobre o lençol freático (SISINNO, 1996). Além disso, o odor fétido no ambiente devido à decomposição da matéria orgânica de restos alimentares, seria de certa forma amenizado (BENICASA, 2000). Simultaneamente, este trabalho, contribuiria no despertar da atenção dos estudantes para a questão da redução do efeito estufa, provocado por ação do gás metano liberado em aterros sanitários. Levar ao estudante a possibilidade de compreender que o aproveitamento de resíduos orgânicos na produção do gás metano, não só poderia contribuir para a economia nacional, com sua utilização em residências, como também contribuir com a diminuição da dependência à importação do gás butano. Permitir ao estudante entender o processo de produção de biofertilizante, e ainda uma percepção da possível economia para determinados segmentos da sociedade, como os pequenos produtores rurais, ao dominarem este conhecimento sobre os biodigestores  (BARRERA,1993).
No campo educacional, a construção de biodigestores por estudantes possibilita ainda o desenvolvimento de habilidades e competências segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais. E afirmamos isso com base no projeto desenvolvido, através do qual, verificamos que alunos do ensino médio, objetos de nosso estudo, quando inquiridos sobre a possibilidade  da temática que envolve o uso de biodigestores estar presente em disciplinas diferentes da biologia, foram capazes de identificá-las em tópicos da física, da matemática e da química. Entendemos ainda que, deste modo, é possível incentivar os estudantes a desenvolverem uma visão interdisciplinar estimulando-os a estudar essas disciplinas.
Quanto à questão da formação do cidadão, verificamos que o desenvolvimento deste trabalho com biodigestores possibilitou o convívio mais próximo dos alunos e, ainda observamos um crescente grau de responsabilidade que aumentava com o desafio de conviver em grupo com as diferenças, e ainda produzir algo que merecesse a atenção dos outros grupos, o que possivelmente contribuiu para o aumento da auto-estima.
Acreditamos que existindo um espaço disponível na escola, será possível a montagem de biodigestores por alunos  com acompanhamento de professores, das diversas disciplinas, tornando o estudo estimulante, pois a interdisciplinaridade seria manifestada e, os estudantes ao observarem professores de diferentes disciplinas envolvidos, poderiam mais facilmente perceber as inter-relações dos diversos campos do saber e como conseqüência existiria a possibilidade de trânsito entre as diversas áreas de estudo.
E pensando deste modo sugerimos a utilização da estratégia da construção dos biodigestores, em ambientes escolares, mesmo longe do campo, o que poderá, possibilitar que os objetivos traçados para os educandos, possam ser  alcançados, já que  os vários aspectos epistemológicos pretendidos com este segmento do ensino formal, estão segundo nosso entendimento relacionados ao uso dos biodigestores, como mais uma ferramenta no processo ensino aprendizagem.
Ousamos sugerir a utilização de tal estratégia, pois o presente trabalho, confirmou ser verdadeiramente possível, a produção de um curso sobre a montagem de biodigestores utilizando  material de baixo custo com filme em VHS, Compac disc, apostilas e fotos. Esperamos ainda que a produção de tal curso possa contribuir de forma didática em propostas de Educação Ambiental. Entendemos que os depoimentos de professores e alunos, através de suas participações aqui, sejam suficientes como depoimentos que corroborem com nossa afirmativa quanto à importância deste trabalho, sem, contudo é claro acharmos que bastaria o uso desta estratégia para que os alunos viessem assimilar todo o ensino como em um passe de mágica. Sabemos que em se tratando de educação não existe mágica no ensinar, o mágico encontra-ser na possibilidade de apreender. E ainda em tempo encerramos com a seguinte citação:
“A idéia de que o trabalho com experimentação, como intermediário para ativar a ação mental, requer o uso de material concreto, não significa que o uso, por si só, desse material, leve à aprendizagem. O importante é a reflexão advinda das situações nas quais o material é empregado, e, conseqüentemente, a maneira como o professor integra o trabalho prático na sua argumentação”.MOREIRA, M.A. (1991 p.80.)




BIBLIOGRAFIA
BARRERA, P.(1993), Biodigestores energia, fertilidade e saneamento para zona rural, São Paulo: ícone Editora
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